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Em defesa do Brasil: contra a entrega da Base de Alcântara

Em um dos momentos de maior retrocesso e entreguismo, a Base de Alcântara foi vendida para os Estados Unidos pelo Governo Bolsonaro, com aval da maioria das forças políticas brasileiras, incluindo setores da esquerda institucional. Em 22 de outubro, a Câmara dos Deputados aprovou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), que em 2000 fora firmado por Fernando Henrique Cardoso, mas rejeitado pelo Senado com a chegada de Lula ao governo. Agora, por 329 a 86, a votação foi encerrada na Câmara dos Deputados, e o texto seguiu para o Senado, tudo isso com a ajuda de certos parlamentares da própria oposição, figuras que absurdamente traíram o povo, entregando um pedaço do Brasil para o imperialismo ianque!

É necessário lembrar que a Base de Alcântara se localiza em ponto estratégico no Maranhão, próxima à linha imaginária do Equador, o que a torna uma das melhores bases aeroespaciais do mundo, concorrendo apenas com o Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. É assim porque a estimativa é de que seja economizado no mínimo 30% de combustível nos lançamentos daquele lugar quando comparado às outras bases espaciais. Dessa forma, fica claro o interesse estrangeiro tanto para usufruir da Base livremente (e exclusivamente), quanto para travar o processo de avanço tecnológico espacial brasileiro. 

Isso explica as diversas sabotagens e espionagens de países como EUA e França, e inclusive ONGs, contra o Brasil e contra o seu embrionário projeto aeroespacial, hoje cada vez mais enterrado. Conforme revelado pelo site Wikileaks, que divulgou telegramas enviados pelos Estados Unidos para o embaixador ucraniano, o representante estadunidense deu a seguinte declaração: “Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiaremos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.

Além disso, a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) ainda chegou a investigar espiões infiltrados no Maranhão, e membros da DGSE (sigla de Direção-Geral de Segurança Externa, a agência de inteligência da França), então ativos no Maranhão e em São Paulo. Conforme documento obtido por diversas reportagens, ao menos desde 2002, a ABIN vigiava a movimentação de espiões franceses e norte-americanos em Alcântara.

O acordo é tão nocivo ao Brasil e aos brasileiros que se trata praticamente de um contrato de exclusividade BRASIL-EUA, no qual será ampliada a proibição de cooperação do Brasil com outros parceiros para fins espaciais, não sendo permitido acordos futuros de lançamentos com nações que não sejam signatárias do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis [MTCR, na sigla em inglês], como a China, por exemplo, ora candidata à maior potência mundial.

Para além das questões já levantadas quanto ao acordo lesa-pátria, ainda há de se levar em conta que se aprovado, brasileiros serão proibidos de transitar ou residir no espaço físico da base e de suas redondezas, ou seja, brasileiros serão proibidos de transitar em certo pedaço do território nacional, que estará ocupado por forças dos Estados Unidos; o que é um problema ainda maior do que parece, pois se trata de uma área de titularidade em disputa com uma pobre comunidade quilombola.

Assim, morre aos poucos um projeto de nação soberana e desenvolvida, fadado ao fracasso por conta de governos neoliberais como o atual de Jair Bolsonaro. Uma base mais do que promissora, ideal para o desenvolvimento nacional, não teve chance desde seu princípio, sendo acometida por sabotagens, advindas de inimigos externos e internos, contra seus foguetes VLS (01, 02 e 03), sendo a sabotagem contra o terceiro então causadora de morte de 21 pessoas, mantidas na plataforma e sem acesso à saída. Testemunhas à época (2003) informaram que não sabiam que os motores de arranque do foguete tinham sido instalados antes do previsto, o que só torna mais evidente que o lançamento foi antecipado em três dias ocasionando a explosão da estrutura, um falso acidente, uma operação criminosa de sabotagem!

Por fim, reconhecemos a dificuldade de materialização da luta contra a entrega da Base de Alcântara. Afinal, o eixo Brasil, isto é, o eixo em defesa da soberania nacional, em defesa do Brasil, tem sido um eixo de baixa capacidade ampliacionista. Raros são os setores das forças armadas que têm se posicionado sobre esse tema, por exemplo. E dentro da ordem, a esquerda brasileira institucional, hegemonizada pela social-democracia e pelo social-liberalismo, tem tratado pouco do assunto, principalmente por proteção ao Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que defende a entrega da Base em virtude de um cálculo meramente imediatista e eleitoreiro. O próprio PCdoB para assegurar o projeto eleitoral de Flávio Dino resolveu vergonhosamente apoiar a entrega da Base de Alcântara, votando a favor do projeto de Bolsonaro.

Agora se já é difícil concretizar a luta contra a instalação de uma base estadunidense no município de Alcântara, no Maranhão, imagina quão difícil não fica ao saber que forças do campo progressista abertamente estão colaborando com essa entrega ao imperialismo!?

Por isso, a Organização A Marighella – CPR faz questão de afirmar ser contra mais esse ato de entreguismo, ser contra a entrega da Base de Alcântara aos Estados Unidos! E condenamos abertamente todos os deputados que traíram o Brasil e o povo brasileiro nessa votação! Segue a lista dos traidores!

 

Lista de traidores, ora parlamentares da oposição, que votaram com o Governo Bolsonaro a favor da entrega da Base de Alcântara
• PCdoB:
– Professora Marcivania (Amapá)
– Perpétua Almeida (Acre)
– Márcio Jerry (Maranhão)
– Renildo Calheiros (Pernambuco)
– Alice Portugal (Bahia)
– Daniel Almeida (Bahia)
– Jandira Feghali (Rio de Janeiro)
– Rubens Pereira Jr (Maranhão)
– Orlando Silva (São Paulo)
• PSB:
– Cássio Andrade (Pará)
– Átila Lira (Piauí)
– Rafael Motta (Rio Grande do Norte)
– Jhc (Alagoas)
– Emidinho Madeira (Minas Gerais)
– Felipe Rigoni (Espírito Santo)
– Ted Conti (Espírito Santo)
– Jefferson Campos (São Paulo)
– Rosana Valle (São Paulo)
– Rodrigo Coelho (Santa Catarina)
– Liziane Bayer (Rio Grande do Sul)
• PDT:
– Silvia Cristina (Rondônia)
– Gil Cutrim (Maranhão)
– Eduardo Bismarck (Ceará)
– Robério Monteiro (Ceará)
– Flávio Nogueira (Piauí)
– Felix Mendonça Júnior (Bahia)
– Subtenente Gonzaga (Minas Gerais)
– Tabata Amaral (São Paulo)
– Marlon Santos (Rio Grande do Sul)

Observação: Zé Carlos, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Maranhão, foi a única e absurda abstenção. Uma covardia sem limites.