VOTAR EM LULA PARA SALVAR O BRASIL
outubro 7, 2022
10 anos da AM-CPR: venceremos!
julho 8, 2023

RESOLUÇÃO IX: LUTAR POR UM NOVO BRASIL

Em dezembro de 2019, a Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário – publicava a sua oitava resolução, orientando a linha geral para disputa dos rumos do país. Evidentemente, não se imaginava que alguns meses depois, o Brasil e o mundo inteiro seriam surpreendidos com a pandemia do coronavírus, uma tragédia humanitária a destroçar a saúde pública mundial, e que em nosso país foi bastante potencializada pelas escolhas do Governo Bolsonaro, ceifando milhares de vidas. E não há conjuntura que não se altere diante de uma pandemia, ainda mais quando se tem um governo a negar a realidade pandêmica.

Assim, o Brasil pós-pandemia é politicamente outro país. E o Brasil pós-bolsonaro é economicamente outro país, um país cada vez mais pobre e miserável com grandes massas de desemprego e fome. É esse Brasil que acaba de eleger Luiz Inácio Lula da Silva em uma eleição presidencial que, embora tenha retratado uma divisão ainda maior do país, assegurou que a maioria nacional quer mudanças, não aceitando mais a continuidade do bolsonarismo no comando da Nação. Em verdade, o antibolsonarismo foi o grande vencedor das eleições no Brasil. A democracia liberal, bem como toda a sua institucionalidade burguesa, com apoio ora velado ora aberto de potências imperialistas, enfim, o regime político liberal brasileiro deslocou-se literalmente para oposição a fim de derrotar Bolsonaro, elegendo Lula por ser ele o maior catalisador oposicionista. É importante recordar isso, pois tentativas inúmeras ocorreram para alavancar uma candidatura de oposição que fosse abertamente vinculada aos interesses do mercado financeiro, isto é, uma candidatura de oposição à Bolsonaro que fosse “puro-sangue” do mercado financeiro, a tal “terceira via” que não saiu do papel e que foi engolida por Lula.

De todo modo, habilidoso desde sempre, Lula conseguiu forjar uma frente ampla em torno de si, pautando fortemente a defesa da democracia liberal como princípio, meio e fim de seu futuro governo, evitando bolas divididas que afastassem apoiadores burgueses e intensificando suas polêmicas relações externas. Mais que isso, Lula tem a capacidade de falar o que querem ouvir, moldando o seu discurso (e não se trata de moldar a forma, mas, sim, o conteúdo) o tempo inteiro para cada espaço que lhe escuta. Sem dúvida alguma, a despeito de críticas políticas e ideológicas, é preciso reconhecer que não há liderança progressista maior do que Lula neste país desde 1989, algo que é um problema por diversos fatores, dentre os quais a sua idade avançada e o caráter gelatinoso de seu programa. Entretanto, é certo dizer que, não fosse Lula, dificilmente Bolsonaro teria perdido as eleições.

Diante disso, diante das pressões de diversas frações da burguesia na influência sobre o futuro governo; diante da necessidade de também fazer com que a classe trabalhadora, com que a brava gente deste país, também influencie; diante do risco concreto das ameaças golpistas do bolsonarismo; tem-se que a linha geral para disputar os rumos do país no próximo período é justamente a da disputa dos rumos do Governo Lula. Portanto, não há outra orientação política aos revolucionários comunistas, neste momento, senão a de apoiar o Governo Lula, ainda que com justas, assertivas e abertas críticas programáticas quando necessário, e assim seguir a lutar por um novo Brasil.

Esta Resolução (Resolução IX) orienta a militância marighellista, mais que saudar a posse de Lula, mas, a apoiar a governabilidade democrática e popular desse novo governo de unidade nacional ante o risco real e concreto das ameaças golpistas do bolsonarismo, algo que vai desde a desestabilização social provocadas por atos terroristas da extrema-direita até a preservação do poderio político dos militares e policiais (apesar da derrota nas urnas), problemas que o Governo Lula precisa resolver imediatamente desarmando essa bomba-relógio. E para resolver isso, além de medidas urgentes a conquistar o apoio das massas populares, a desarticular politicamente os militares e os policiais e a criminalizar o terrorismo bolsonarista, é fundamental criar uma onda de mobilizações que devem servir, a um só tempo, para sustentar o novo governo e para disputar os rumos desse, ou seja, para assegurar a governabilidade democrática e popular ao mesmo tempo em que se luta para não permitir que a “conta da unidade nacional em defesa da democracia” seja paga somente pela classe trabalhadora.

Destaca-se ainda que o novo Governo Lula acontecerá no contexto internacional do agravamento da “segunda guerra fria” com o imperialismo ianque cada vez mais beligerante, apostando suas fichas em guerras por procuração vide a Ucrânia, enquanto a Rússia e, especialmente, a China seguem a apresentar uma proposta de mudança na geopolítica mundial que claramente seria favorável ao destino da Nação Brasileira. Por outro lado, é notório que a legitimação internacional da derrota de Bolsonaro passou pela Casa Branca e, infelizmente, também é notório que setores relevantes do novo governo (grotescamente, setores do campo progressista) possuem relações abertas com Washington. Todavia, seria infantil assinalar que o Governo Lula será títere do imperialismo ianque e do imperialismo europeu, inclusive porque os governos petistas, em que pesem alguns erros, sempre buscaram uma política externa independente, sendo isso, aliás, um dos fatores da derrocada do PT, considerado o triste peso dos agentes estrangeiros na política nacional tendo à época ajudado a oposição de direita. Portanto, neste momento, até a política externa do novo Governo Lula está em disputa.

Assim, a Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário – saberá, definida sua linha política com clareza, ampliar em defesa da democracia liberal burguesa (ainda sob risco das investidas do bolsonarismo) e radicalizar pelo presente e futuro do povo; saberá dialogar em convergência e criticar abertamente pelas divergências programáticas; saberá, enfim, disciplinar a sua militância orgânica na luta por um novo Brasil, impulsionando um novo movimento patriótico e popular para avançar na etapa atual da estratégia revolucionária, qual seja a etapa nacional-libertadora.

O Comando Nacional da Organização A Marighella – CPR.

Brasil, 30 de dezembro de 2022; ao centésimo décimo primeiro ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.