JPB: concentrar esforços na construção e no fortalecimento da Ação Libertadora Estudantil
julho 6, 2019
Setorial LGBT: nossa posição sobre a criminalização da lgbtfobia
julho 29, 2019

O caso Tabata Amaral e a necessidade de varrer o liberalismo “de esquerda”

Diante da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma da previdência, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, com 379 votos favoráveis contra 131 contrários, a Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário -, por sua Secretaria de Comunicação, faz questão nesta nota de reforçar as denúncias sobre o caso Tabata Amaral, assim como cumpre missão de alertar para o conjunto das forças consequentes acerca da necessidade de varrer o liberalismo “de esquerda”.

Salientamos que há muito conhecemos as posições liberais da jovem Tabata Amaral. Não é de hoje que sabemos de sua trajetória política. Entretanto, considerando que infelizmente ainda não estamos plenamente organizados em São Paulo; considerando que nossa relação com a legenda de Tabata (PDT) é tão somente uma elaboração decorrente de ordem tática eleitoral, e de uma análise clara sobre o momento do país e do campo progressista; considerando a nossa elevada estima pelo companheiro Ciro Gomes, liderança presidenciável que priorizamos manter diálogo aberto, franco e construtivo; considerando o apreço sincero de Ciro por Tabata; considerando que até então Tabata não tinha feito algo suficiente para merecer uma nota da comunicação de nosso Partido, inclusive era dito nos bastidores que o seu voto sobre a reforma da previdência estava em disputa; tem-se, por tudo isso, que até o presente momento, de modo responsável e maduro, nada precoce, a orientação era a de evitar publicamente o tema “Tabata Amaral”.

Todavia, em virtude de seu voto favorável à reforma da previdência, para além de outras posições reconhecidamente liberais, atrasadas, e vergonhosamente pró-imperialistas; e mais, também em virtude da percepção dirigente de que eventualmente algumas hordas do esquerdismo doentio podem se aproveitar do famigerado caso Tabata Amaral para grotescamente respingar ataques contra o nosso Partido e contra a nossa militância, decidimos, enfim, tornar pública esta nota.

A deputada federal Tabata Amaral ao comunicar hoje, 10 de julho de 2019, o seu voto favorável à reforma da previdência, que praticamente torna extinto o direito de aposentadoria, ingressou oficialmente no rol de inimigos da classe trabalhadora. No entanto, vale salientar que Tabata é só mais uma representante do liberalismo de “esquerda”, uma maldita vertente que hegemoniza o campo progressista nacional desde a redemocratização. Não por acaso, afinal a esquerda revolucionária foi dizimada na ditadura militar. E os comunistas encontram-se em dificuldade aqui e em boa parte do mundo desde o colapso soviético. A socialdemocracia é o chão preferido da esquerda liberal. O identitarismo é a sua ferramenta mais eficaz. Escondem o endosso ao capitalismo mais cruel e selvagem em meio a uma fauna de identidades e de lugares de fala. Tabata, por exemplo, não defende a classe trabalhadora, mas tem “identidade pobre e periférica”, além de “ser mulher”, o que inclusive fez parte de sua absurda justificativa de voto, por ter “conseguido” algumas mudanças de perfume para as mulheres, dividindo a classe trabalhadora conforme deseja a burguesia, e como faz o pensamento pós-moderno, o pior elemento ideológico contrarrevolucionário.

O voto de Tabata Amaral a favor da morte da previdência pública, a favor do fim do direito à aposentadoria, a favor da miséria de nossos idosos e idosas da classe trabalhadora, apenas reforça que a jovem parlamentar é mais uma despachante da burguesia, é uma empregada de seus financiadores, e claro é também uma serviçal do imperialismo ianque. Não foi por acaso que pagaram os seus estudos e a sua formação de “liderança política”, não foi por acaso que financiaram a sua campanha. Não foi por acaso que seu rosto angelical esteve sorridente nas capas de revistas da grande imprensa burguesa.

De todos os votos favoráveis ao desmantelamento social nesta noite, em especial, de todos os votos favoráveis que foram oriundos das legendas do campo progressista, nesse caso do PDT e do PSB, o de Tabata é o mais emblemático, haja vista que é o menos fisiológico (ou de um fisiologismo muito mais rebuscado), e principalmente porque escancara um inimigo ideológico a ser combatido: o liberalismo de “esquerda” e o seu novo estilo pós-moderno e identitário.

Cumpre esclarecer que o liberalismo de “esquerda” é antiga doutrina burguesa de infiltração. Nos anos 80, em nosso país, hegemonizaram o Partido dos Trabalhadores, e ainda hegemonizam. Não esquecemos dos ataques contra o “socialismo real”, contra Cuba, contra China, contra a União Soviética, que por mais degenerada que já estivesse não deveria jamais ser analisada sob um prisma liberal, não esquecemos da política econômica neoliberal parcial de Lula e total de Dilma, igualmente não esquecemos das falas de Fernando Haddad sobre a Venezuela, de seu trabalho acadêmico anticomunista e de sua relação com instituições de formação abertamente liberal, além da flagrante articulação com banqueiros e universidades privadas de esquina no PROUNI. Da mesma forma, satélites do PT, rachas do PT, e aliados antigos do PT, todos também possuem diversas expressões do liberalismo de “esquerda” em suas fileiras, inclusive com candidaturas externas definidas e financiadas por grupos empresariais que “incentivam novas lideranças políticas”. Mas a principal diferença é que por diversos fatores, especialmente pela presença forte de determinado movimento sindical nessas forças políticas desde a origem (a CUT no PT, por exemplo), faz com que em questões sobre direitos da classe trabalhadora, essas legendas tenham capacidade maior de fechar um voto partidário coeso quando estão na oposição, porque na situação executam o programa neoliberal de ataque à classe trabalhadora, ainda que com menos crueldade do que as forças reacionárias.

Além disso, legendas como o PDT e o PSB estacionaram no tempo em diversos assuntos. E em particular o PDT, desde um pouco antes da morte de Leonel Brizola, um herói da Pátria que muito respeitamos e admiramos, até agora, não possui uma formação política mínima de seus quadros eleitorais, nem mesmo qualquer crivo ideológico básico para definição dos candidatos. Isso virou um círculo vicioso fazendo com que PDT e PSB, por exemplo, aceitem quaisquer candidatos, e não raro ajudem financeiramente suas campanhas para que sejam eleitos e aumentem as suas bancadas, depois esses parlamentares eleitos não seguem as mais básicas orientações partidárias, e os partidos expulsam (quando expulsam, pois isso depende dos interesses das direções…). Mesmo o trabalhismo sendo uma doutrina ideologicamente limitada, e quase sempre uma incógnita, é certo que uma lista de práticas políticas e do histórico dessa vertente, tão vinculada a própria história do Brasil no século XX, já seriam bússolas para formação de candidatos do PDT. Mas o problema não está só na formação.

É verdade que o pragmatismo mais vulgar tornou-se natural em todas as legendas do campo progressista, contudo, por mais que esses problemas do PDT sejam comuns em todas as legendas do campo progressista, ocorre que marcas e siglas como as do PT, PSOL e PCdoB são carimbadas por uma tradição política, vinculada ao movimento sindical dessas legendas, que afasta elementos favoráveis, por exemplo, à reforma da previdência, ou pelo menos constrange esse tipo de elemento, ainda que novamente caiba frisar: o liberalismo de “esquerda” e o pensamento pós-moderno estão hegemônicos em todas as legendas da ordem burguesa no campo da esquerda brasileira.

É nossa tarefa, portanto, denunciar o caso Tabata Amaral, desmascarando ela e todos e todas canalhas da falsa “esquerda liberal”. É nossa tarefa varrer o liberalismo de “esquerda” para a lata de lixo da História do povo brasileiro.

É nossa tarefa inovar na luta contra a reforma da previdência para ampliar e derrotar nas massas o discurso único favorável a essa tragédia, então garantido pela grande imprensa burguesa. É nossa tarefa radicalizar para derrubar a reforma da previdência no Senado Federal.

 

Brasil, 10 de julho de 2019; ao centésimo oitavo ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.

A Secretaria de Comunicação da Organização A Marighella – CPR.