Secretaria de Comunicação da Organização A Marighella – CPR
A autonomia do Banco Central aprovada na Câmara dos Deputados representa uma vitória do lobby dos grandes banqueiros, daqueles que buscam decretar o Brasil como um paraíso eterno dos ricos e poderosos do Mercado Financeiro.
A extinção do poder da Presidência da República no exercício de influência direta no Banco Central permite que os que lá estiverem não estejam submetidos a uma autoridade eleita por vontade da maioria da população, ainda que sob regime democrático burguês, subjetivando assim suas decisões aos interesses dos chefes do Mercado. O controle inflacionário, por exemplo, será definitivamente o único objetivo (aparente) do Banco Central, considerada a visão ortodoxa dos neoliberais que lá estão, fazendo, portanto, que questões urgentes para o povo como emprego e renda sejam totalmente abandonadas.
Outra consequência, não menos grave, é a possibilidade de um governo eleito com uma plataforma desenvolvimentista, ou pelo menos “não liberal” (ou “menos liberal”), sofrer do Banco Central movimentos contrários a sua pauta, diminuindo ou até inviabilizando qualquer estratégia de desenvolvimento nacional, prejudicando a melhora da economia brasileira. Além disso, com a autonomia do Banco Central, elimina-se a capacidade regulatória do Governo Federal sobre os depósitos compulsórios dos bancos para maior ou menor oferta de credito. Em poucas palavras, vale dizer que o Presidente e o Ministério da Economia serão oficialmente semelhantes a uma Rainha da Inglaterra da economia nacional.
Não por acaso que os argumentos favoráveis à autonomia do Banco Central nunca passaram de abstrações de conceitos ultra-liberais, pensadas primeiramente para países com realidade totalmente distinta da nossa, as quais foram tomadas como verdades por aqueles que têm grandes interesses no projeto em curso, sendo inegável o papel cumprido pela grande mídia burguesa, uma porta-voz dos banqueiros.
O elevado número de crises econômicas que a desregulamentação do Banco Central pode trazer ao Brasil é a antítese do sucesso e da solidez do sistema bancário altamente controlado pelo Governo Chinês, por exemplo. Faltam, importa mencionar, exemplos de êxito em favor da autonomia do Banco Central. País sério não liberaliza o controle de sua economia dessa forma!
Portanto, as consequências da autonomia do Banco Central para qualquer sonho de desenvolvimento, para preservação de algum controle governamental sobre a ação dos juros e para a manutenção de uma segurança contra a anarquia do sistema financeiro são graves e chegarão no curto prazo. Isso sem abordar a relação direta entre os banqueiros “brasileiros” (em aspas, pois são vende-pátrias) e o imperialismo ianque!
É por isso que quem sabe que a etapa atual da luta revolucionária é a Etapa Nacional-Libertadora deve centrar esforços, mesmo diante das enormes adversidades do cotidiano pandêmico, contra a autonomia do Banco Central.