Encerrado o primeiro turno eleitoral, a Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário – manifesta a sua breve reflexão e o seu posicionamento sobre o momento nacional.
Desde o começo de 2017, quando nossa Resolução VI foi determinada, A Marighella colocou-se à disposição da edificação da candidatura presidencial de Ciro Gomes, líder de um plano nacional de desenvolvimento, o qual alcunhamos por “Projeto Nacional e Popular”, tendo em vista a caracterização popular pela retomada dos direitos sociais e trabalhistas, então roubados da classe trabalhadora e das camadas mais vulneráveis pelo golpismo instalado após o impeachment de 2016. Além da decisão de apoio a Ciro, passamos a orientar uma filiação democrática no PDT (Partido Democrático Trabalhista), legenda histórica de Leonel Brizola, hoje sustentada por Ciro Gomes.
Inegavelmente foram decisões nada simples, considerada a complexa realidade do PDT, e principalmente considerada a dinâmica atual de hegemonismo pleno do PT e de seus satélites no campo progressista. Entretanto, contra todas as adversidades, a aguerrida militância marighellista embarcou no projeto de Ciro e no “Partido de Brizola”. E disso não há qualquer arrependimento. Foi claramente a aposta mais acertada dos comunistas da A Marighella. Ciro representa uma mudança indispensável na condução da “esquerda democrática”, um rompimento necessário contra o dirigismo petista. Necessário pois Ciro apresenta um projeto de nação, um programa abertamente vinculado ao que denominamos “Etapa Nacional-Libertadora”, a etapa revolucionária do tempo vigente, ao passo em que o PT segue a cartilha neoliberal com lapsos de desenvolvimento e nuances de políticas sociais, ainda que tenham sido as políticas públicas mais importantes desde a redemocratização.
Mais que isso, Ciro não possui qualquer mácula no campo da moral, o que é algo de extremo valor nesses dias de catarse coletiva sobre corrupção. Não por acaso é nessa pauta em que reside o massivo antipetismo, que leva inclusive expressivos setores da classe trabalhadora a optarem por projetos reacionários somente para “evitar a corrupção do PT”. Por isso e pela nítida capacidade de amplitude no segundo turno, ao contrário do que já está sendo percebido com o PT, A Marighella clamou pela unidade progressista em torno de Ciro na reta final da campanha no primeiro turno. “Somente Ciro Gomes pode vencer Bolsonaro e enterrar o golpismo”, dizia o documento da nossa Secretaria de Comunicação, o que foi largamente agitado e propagado nas redes e nas ruas por diversas formas (“Ele Não, Ciro Sim”; “Só Ciro expulsa o Bolsonaro das pessoas”, “Ciro Gomes vem aí contra o fascismo”, etc.).
Todavia, a máquina petista venceu. É evidente que erros, problemas internos e dificuldades estruturais da campanha de Ciro colaboraram, e muito, para a derrota do Projeto Nacional e Popular, algo que não furtaremos de debater em futuro balanço de campanha. Entretanto, não há tempo a perder, e não há tempo para o medo! Agora é vencer e lutar contra o fascismo! Do outro lado não está um mero adversário, nem mesmo um simples inimigo de classe, não! Do outro lado está um velho inimigo ideológico dos comunistas, o maior perigo da classe trabalhadora, a maior ameaça contra a Pátria Brasileira, do outro lado está o fascismo! E contra o fascismo, A Marighella jamais se anulará!
Justamente por não se anular, precisamos apontar que o caminho para a difícil, entretanto urgente, virada do PT contra Bolsonaro dependerá essencialmente da mudança de foco da campanha de Haddad. Ou foca no debate econômico, ou foca nos direitos que estão em jogo, ou a derrota será mais que certa com gritos sobre bandeiras difusas e de baixo entendimento ao povo (“democracia”, “opressões”, e até mesmo o próprio termo “fascismo”). Nós tomaremos as redes e as ruas com a orientação do debate econômico, desmascarando o inimigo, mostrando que seu projeto é de ataque severo contra quem trabalha e sustenta este país, é sobretudo um projeto privatista e entreguista, o que já retira a sua falsa condição de “nacionalista”. É crucial trazer a disputa para o terreno da fácil compreensão das massas populares, é isso que faremos dentro das nossas possibilidades, haja vista a dificuldade imposta. Imprescindível pontuar que a orientação é muito mais de desconstruir a candidatura fascista do que abraçar o projeto petista, porque sabemos desde sempre os limites do PT.
De qualquer modo, cabe frisar que A Marighella elevou ao máximo que pôde a campanha presidencial de Ciro Gomes. E buscaremos estar ao lado de Ciro, assim como manteremos a nossa atuação no PDT. Inclusive avançaremos contra os traidores da campanha de Ciro! O combate seguirá por um PDT nacionalista, popular e de massas, e pela afirmação de Ciro enquanto a liderança do “Brasil que a gente precisa”. Da nossa parte, Ciro já é um amigo da Organização, um “camarada” (não comunista) que caminharemos juntos na luta por um novo Brasil! Não deixaremos Ciro abandonar a política, como disse certa vez em entrevista referindo-se a uma eventual derrota eleitoral em 2018. Não desistiremos do Projeto Nacional e Popular! Não desistiremos do Brasil!
Por evidência, também avançaremos no próximo período na configuração de um movimento patriótico e popular, por fora da institucionalidade, com a tarefa de retomar as diretrizes de nossa Resolução V. Igualmente, a constante Construção do Partido Revolucionário, missão maior de nossas vidas, será cada vez mais acelerada, especialmente com o risco de um governo fascista legitimado nas urnas da democracia burguesa.
O alerta antifascista é geral!
Camaradas! É hora de proteção, de segurança máxima, de reforço total na disciplina! É hora do combate verdadeiro contra o nosso maior inimigo!
Transformar os comitês de apoio à Ciro (“Comitês Ciro Gomes vem aí”) em “Comitês Antifascistas” e fomentar a criação de novos comitês antifascistas!
Afirmar Ciro Gomes na campanha antifascista deste segundo turno!
Por Marighella, por todos e todas que desapareceram fisicamente na luta contra a ditadura militar, pelos direitos da classe trabalhadora, pela soberania nacional, pelas mínimas liberdades democráticas previstas na Constituição Federal, as quais estão em risco, não há dúvida: votaremos em Haddad 13 para Presidente!
Vote e Lute contra o fascismo!
Brasil, 10 de outubro de 2018; ao 107º ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.
Comando Nacional da Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário