Mulher, negra, oriunda da favela, uma legítima filha da classe trabalhadora, e uma das vereadoras mais votadas na cidade do Rio de Janeiro em 2016, assim era a militante Marielle Franco, figura singular de combate ao conservadorismo na capital fluminense.
Marielle não tinha medo de enfrentar, de denunciar e de ser a voz da favela contra as injustiças do cotidiano. Era uma guerreira contra o machismo, o racismo, a homofobia, e todas as opressões que historicamente foram e são potencializadas pela exploração capitalista. Reconhecida por sua defesa intransigente dos direitos humanos, seja nas tribunas parlamentares, seja nas ruas, Marielle recentemente denunciou o abuso de autoridade e a pesada violência policial na favela de Acari, zona norte carioca.
Alguns dias depois, precisamente na noite de ontem, 14 de março, lamentavelmente recebemos a notícia da morte da vereadora e de Anderson Pedro Gomes, motorista do veículo em que ela estava junto com a assessora Fernanda Chaves, que felizmente não faleceu.
Não se pode ignorar o contexto em que essa flagrante execução ocorreu. O Rio de Janeiro vivencia quase um estado de exceção graças a eleitoreira intervenção federal de caráter militar, que supostamente foi decretada para reprimir o crime organizado do tráfico de entorpecentes. Entretanto, conforme A Marighella já tinha esclarecido, essa intervenção militar é um ato eleitoreiro na melhor das hipóteses, porque na pior das hipóteses estaremos tratando da fase militar do golpe iniciado em 2016. E a situação é ainda mais grave: cada dia surgem mais indicativos da relação fraternal entre o conluio golpista e grandes conglomerados do narcotráfico. Afinal, não é menor a informação do deslocamento da direção do tráfico paulista para os morros cariocas em meio a uma “intervenção federal”, nem é menor a notória presença de aliados desse tipo de crime organizado nos altos postos do judiciário brasileiro, além de uma vasta planilha de parlamentares vinculados pelo país.
Diferentemente do que disseram em alguns espaços nas redes, Marielle não era defensora de bandido. Pelo contrário, Marielle abertamente foi executada por ser inimiga de bandido, seja o que veste farda, seja aquele que veste terno e gravata.
Por tudo, é difícil não imaginar que Marielle, essa aguerrida militante humanista, não tenha sido vítima de uma execução premeditada. E ao seu lado, descansará um trabalhador motorista. E aqui, com sua lembrança combativa, ficarão familiares, amigos, amigas de Marielle, bem como toda a militância do PSOL, que juntos transformarão o luto em luta contra a intervenção militar e contra o abuso policial!
A Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário – transmite toda a força possível aos familiares, amigas e amigos de Marielle Franco! Afirmamos também a nossa total solidariedade aos companheiros e companheiras do PSOL neste duro momento!
Abaixo a intervenção militar no Rio de Janeiro!
Toda força aos familiares, amigas e amigos de Marielle Franco!
Toda solidariedade à militância do PSOL!
Marielle Franco, presente! Agora e sempre!
Rio de Janeiro, 15 de março de 2018; ao 107º ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.
Comitê da Coluna do Rio de Janeiro da Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário