Na última sexta-feira, dia 6 de julho, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro informou que seria aberta uma investigação sobre o “Café da Comunhão”, um encontro quase secreto que o Prefeito Marcelo Crivella (PRB) realiza periodicamente com fiéis apoiadores e pastores evangélicos no Palácio da Cidade, em Botafogo na Zona Sul carioca.
A reunião ocorreu na quarta-feira passada, e por meio de áudios que foram feitos não oficialmente, pois organizadores pediram que os telefones fossem desligados, o povo carioca e brasileiro ficou conhecendo do que se tratava a reunião. Verdadeiramente, evangélicos ali presentes levavam reivindicações as quais a Prefeitura teria uma resolução de forma privilegiada aos religiosos.
Essas reivindicações incluíam demandas e problemas como a questão do IPTU (imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana), que teoricamente instituições religiosas estariam isentas de pagar o tributo, além do privilégio na fila do sistema de saúde (SUS) em cirurgias que tratavam de cataratas e varizes. Na prática, religiosos amigos do Prefeito Crivella furariam a fila das cirurgias e teriam o processo de isenção do IPTU sobre seus templos agilizado.
Vale lembrar que quando o plano de cirurgias do município carioca foi lançado em abril, eram 15 mil pessoas na fila aguardando pela operação de catarata. Isso demonstra a perspectiva e objetivo do interesse público sendo deturpados flagrantemente! Crivella é prefeito da cidade do Rio de Janeiro, não foi eleito para ser prefeito de um grupo específico majoritariamente evangélico, seja de qualquer igreja inclusive a do prefeito!
Segundo o comunicado do Ministério Público sobre a questão: “a coordenação das Promotorias de Justiça da Cidadania distribuiu para análise em inquérito civil por considerar a possibilidade de inobservância da laicidade do estado, conferindo tratamento privilegiado aos fiéis de um determinado segmento religioso, o que é vedado pela Constituição e pode, em tese, configurar improbidade administrativa“.
Tal reunião, com tais intenções no contexto e no histórico de Crivella, que demonstrou em seu mandato tudo menos laicidade do Estado e menos “pensar e cuidar das pessoas” (como dizia na campanha), servem de munição para a luta por um outro Rio de Janeiro. Quando assumiu Crivella fez uma oração em discurso de posse. E antes, em sua agenda de comemoração, o prefeito já tinha gritado “Não à legalização do aborto. Não à ideologia de gênero da criança”, o que comprova que não se trata de um prefeito da cidade do Rio, mas, sim, de um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus no comando da cidade que um dia foi maravilhosa.
Nos últimos meses muitas questões culturais e de vertentes contrárias a religião evangélica tem encontrado dificuldades para serem efetivadas no contexto carioca. O prefeito nega por exemplo subsídios ao carnaval carioca, uma festa que gera retornos imensuráveis à economia da cidade, e nega por questão religiosa! Da mesma forma, a prefeitura tem segurado o fornecimento de alvarás aos estabelecimentos de religiões afro-brasileiras.
O (des)prefeito Marcelo Crivella quando fala de “cuidar das pessoas”, deve-se perceber quais pessoas ele exatamente se refere, certamente são fundamentalistas religiosos da Universal ou de outra seita evangélica.
O Pelotão do Rio de Janeiro manifesta não ter nada contra qualquer tipo de credo, crença, ou religião. A Marighella – Construção do Partido Revolucionário – defende a tolerância religiosa e a absoluta separação da Igreja e do Estado (Estado Laico).
Além disso, compreendemos que a hiperjudicialização da política, em tempos de golpe, mesmo sendo contra um inimigo nosso, qual seja o Prefeito Crivella, não é o melhor caminho. O impeachment de Crivella ou a cassação de seu mandato por obra do judiciário burguês não são alternativas progressistas ao povo carioca e às forças populares. Entendemos que a tarefa concreta é o máximo de agitação e propaganda contra a Prefeitura Crivella! Agitar e propagar contra a reforma da previdência de Crivella, e contra a transformação da Prefeitura numa Igreja de amigos do prefeito! Devemos aproveitar o momento para avançar sobre as pautas que Crivella venceu recentemente, em especial a reforma previdenciária municipal, que atacou absurdamente os servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro.
Por isso, sem judicialização e sem crença na Câmara de Vereadores das elites dominantes, mas com trabalho de base e de massas, afirmamos: é hora de malhar Crivella, o judas do povo carioca!