Na tarde do recente 12 de julho, o ex-presidente Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão no processo que ficou conhecido como “Caso do Triplex”, ora resultado de uma das inúmeras investigações da notória operação Lava Jato.
Essa operação judicial, então dirigida pelo juiz Sérgio Moro, uma celebridade midiática de baixo saber jurídico e comprovadamente treinada pelas agências norte-americanas de inteligência, tem como aparente objetivo o combate à corrupção. No entanto, em verdade, a operação Lava Jato tem potencializado o desmonte da economia nacional, o entreguismo das riquezas nacionais, a criminalização da política, a desindustrialização do país, a alta taxa de desemprego, a perda de direitos sociais e trabalhistas, a configuração de um estado policialesco, e outras atrocidades reacionárias.
Por tudo, e em especial pela leitura e análise da tal sentença condenatória, percebe-se que Lula não foi condenado por eventuais ações delituosas ou desvios de conduta. Ao contrário, flagrantemente Lula foi condenado por um processo que visa em última instância criminalizar todo o campo progressista por meio de controversos e insuficientes mecanismos probatórios, vide a tal ferramenta da delação premiada.
Para piorar, é certo que a condenação de Lula está preparada há muito tempo, somente sendo publicada agora em virtude da aprovação da reforma trabalhista e da possibilidade de abertura de inquérito contra Michel Temer. Abertamente está claro que o objetivo da condenação de Lula é a divisão do campo progressista, bem como criar uma confusão nas massas populares sobre qual seria a pauta da ordem política atual. Em poucas palavras, a condenação de Lula serviu para ofuscar o drama recente da perda de históricas conquistas da classe trabalhadora.
Diante do quadro nada simples, a Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário manifesta sua solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois reconhece graves vícios de perseguição política nos processos comandados pelo juiz Sérgio Moro e por todas as operações judiciais sensacionalistas do último período.
Da mesma forma, a Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário repudia veementemente o lulismo pregado por setores da esquerda democrática que cegamente ignoram a situação do ex-presidente e a atual correlação de forças. Assim como ignoram também a ausência de um programa concreto de desenvolvimento por parte de Lula, e a fragilidade de seu partido no recorrente debate sobre a “corrupção”; ao mesmo tempo em que os governos petistas foram os propulsores do autonomismo da polícia federal dentre outros absurdos que facilitaram o golpe de 2016, golpe dado sem qualquer resistência por parte de quem comandava as altas esferas da direção política do país e do PT.
Vale frisar que qualquer tentativa lulista de cooptação dos indispensáveis atos contra as reformas impopulares do governo Temer se trata na prática de um apoio informal à viabilização dessas reformas, posto que a orientação forçosa de sobrepor o tema do Lula ao da luta contra a agenda neoliberal é um erro imperdoável contra os interesses da classe trabalhadora. Chega a ser vexatória, além de perigosa, a tentativa lulista de antecipação do calendário eleitoral de 2018 em meio ao caos institucional. E se for para debater eleição presidencial, fazemos questão de afirmar que temos outra candidatura na defesa de um projeto verdadeiramente nacional e popular.
A Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário afirma sua solidariedade ao ex-presidente Lula diante da condenação sofrida. Porém, sem cair no lulismo, sustentamos que todos os nossos esforços devem estar concentrados na luta pela frente ampla, na luta em defesa da Constituição, e na luta contra as reformas impopulares.