A pior e mais profunda crise brasileira, marcada pelo golpe de 2016, tem desmantelado as mais importantes conquistas da classe trabalhadora, tem sufocado as mínimas liberdades democráticas de nosso povo, tem rebaixado o Brasil no cenário geopolítico internacional, entregando nossas riquezas e rasgando a soberania nacional. Inevitavelmente, dessa forma, sofrem as mulheres trabalhadoras da nação. Afinal, o machismo e a misoginia, elementos do patriarcado superestrutural, ficam imensamente mais potencializados pelo capitalismo em tempos de golpe reacionário de estado. É o imperialismo norte-americano atacando a Pátria Brasileira! É o neoliberalismo destruindo o nosso povo, vendendo a nação, e comercializando a nós, mulheres!
Não restam dúvidas acerca da vulnerabilidade das mulheres diante das reformas impopulares do governo golpista de Michel Temer. Quando rasgam as leis trabalhistas, rasgam nossos direitos, enquanto mulheres e mães, que tanto batalhamos para entrar no mundo do trabalho. A lei assegurava que a mulher grávida não trabalhasse em locais insalubres, e agora só mediante atestado médico ela poderá ser liberada, ou seja, se antes a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) garantia o afastamento de grávidas das atividades ou locais insalubres, agora, a mulher só será afastada da função se levar um atestado médico explicando a necessidade! Não bastasse a terceirização do trabalho, que nos coloca em situação de vulnerabilidade para buscar ou se manter nos empregos formais, teremos também essas abruptas mudanças na CLT. E claro, tudo isso, sem a tão desejada igualdade salarial entre homens e mulheres. É por isso que a força das trabalhadoras e dos trabalhadores já demonstrada na derrota da reforma da previdência, que visava acabar com o direito à aposentadoria, precisa ser renovada agora pela revogação da reforma trabalhista!
Não diferente é a indispensabilidade da luta pela retomada dos investimentos sociais. O congelamento dos gastos com saúde, educação,e demais áreas sociais, que impede por exemplo a concretização da nossa luta por creches universitárias e por mais creches comunitárias a serviço das mães trabalhadoras, somente interessa aos banqueiros (burguesia rentista), que seguem a lucrar com a alta taxa de juros e com o desemprego em massa. É o exército de reserva a fomentar uma mão de obra barata e terceirizada!
Para além das questões estruturais, raízes exploratórias de todos os males opressores, o cotidiano da mulher segue marcado pela agonia dos constantes casos de assédio sexual, de racismo contra as mulheres negras, de LBTfobia, de violência e de estupro, sejam nas ruas, sejam nos ambientes de estudo e de trabalho, sejam até mesmo em casa. Por outro lado, todo dia mais e mais meninas e mulheres se engajam na luta pelas pautas feministas. A tomada da consciência de gênero tem sido um portal de esperança por um futuro de equidade entre homens e mulheres e de plena justiça social. De qualquer modo, é preciso ir além, que da consciência de gênero se abra para a tomada de consciência de classe e para a tomada de consciência revolucionária!
A recente intervenção federal de caráter militar, ou simplesmente intervenção militar, no estado do Rio de Janeiro, é a comprovação cristalina de que o golpismo tende a apertar ainda mais o cerco contra as forças vivas do campo progressista. Não por acaso, perdemos a companheira Marielle Franco e o companheiro Anderson Gomes. A brutal execução deles é o símbolo da virada mais reacionária do golpe iniciado com o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. O próximo passo seria uma possível suspensão das eleições burguesas deste ano, o que garantiria a total estabilidade para os ganhos econômicos dos ricos e dos poderosos financiadores do golpe.
No entanto, as vulcânicas articulações eleitorais, uma pequena, mas considerável, diminuição da influência imperialista na condução do golpismo (política externa de Trump), que hoje é um projeto à deriva tendo a sua condução em disputa, a falta de condições políticas para uma nova ruptura palaciana ou institucional (golpe no golpe), e a afirmação de plurais e diversas candidaturas presidenciais (de todos os campos políticos), enfim, todos esses fatores serviram e servem de sustentação para a realização de um processo eleitoral dentro da normalidade democrática burguesa. Contudo, por evidência, qualquer processo eleitoral com o recente impeachment, símbolo mais forte do golpe de 2016, bem como qualquer processo eleitoral depois da prisão inconstitucional e injusta do ex-presidente Lula, por si só já é um processo eleitoral com enorme desconfiança do povo brasileiro, fator que ao lado da crise de representatividade, da crise econômica, e da hiperjudicialização da política, fomenta o crescimento da abstenção nas urnas, o que pode pavimentar o triunfo de uma candidatura ultrarreacionária.
Por isso, diante da ameaça fascista, tornaram-se imperiosas as tarefas de elaborar uma frente ampla em defesa do Brasil e do povo, de combater pela realização das eleições livres e diretas neste ano, de defender a Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã do Estado Democrático de Direito, enfim todas são tarefas urgentes. Igualmente, temos lado: sem sectarismo e sem identitarismo, é preciso compreender a indispensabilidade do projeto nacional e popular, um projeto fincado num programa nacional de desenvolvimento econômico e de ampliação de direitos sociais, com a retomada da industrialização e de grandes ofertas de emprego, com a retomada de tudo que está sendo entregue pelo golpismo, com a revogação de todas as reformas neoliberais, com a redução da taxa de juros, e com outras medidas cruciais ao povo e ao Brasil.
Por tudo isso, retomando as verdadeiras origens operárias e comunistas da luta feminista, as GUERRILHEIRAS – Setorial de Mulheres da Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário -, nesta conferência setorial, afirma que a mulher brasileira nunca fugiu, não foge, e jamais fugirá da luta em defesa do Brasil, em defesa do povo, e pelo projeto nacional e popular! Somos herdeiras de Zilda Xavier Pereira, matriarca da gloriosa Ação Libertadora Nacional! Somos soldadas da Revolução! O feminismo popular brasileiro é o feminismo revolucionário, é um fator indispensável do Socialismo Popular Brasileiro!
Aproveitar os bons ventos da Argentina para massificar a luta pelo aborto legal, seguro e gratuito! Disputar de maneira racional a consciência das massas sobre esse tema, evitando confrontos diretos com a religiosidade e com o moralismo conservador.
Nenhuma a menos: fortalecer ações de conscientização entre mulheres e homens sobre o feminicídio e reduzir o pensamento conservador machista ao máximo.
Em defesa do Brasil e do povo, e pelo projeto nacional e popular: lutar pela eleição de Ciro Gomes, uma urgência de toda a brava gente brasileira!
Sou feminista, sou Guerrilheira, sou a mulher da brava gente brasileira!
Toda a mulher na Revolução!
A mulher brasileira tem um papel de decisiva importância na revolução, particularmente na guerra revolucionária do povo contra o imperialismo dos Estados Unidos e cuja expressão mais genuína é a guerrilha.
Os direitos sociais que a mulher mais necessita conquistar só se tornarão realidade plena com a mudança da estrutura econômica do país e a vitória da revolução. A participação da mulher no movimento revolucionário, desde o primeiro momento, constitui assim uma garantia do êxito futuro e uma arma terrível contra o conservadorismo e a vacilação. Na luta revolucionária não há homem que queira retroceder se na vanguarda encontra a mulher combatendo.
Incorporando-se à revolução e à luta guerrilheira, aprendendo a disparar e adestrando-se nas tarefas de primeira linha, transportando tudo o que for necessário e emprestando sua [imensa] capacidade de trabalho e poder de iniciativa e imaginação para desenvolver o apoio logístico, a mulher brasileira representa elemento precioso na construção da vitória da causa de nossa libertação. Cabe à mulher organizar-se em grupos revolucionários e participar de todas as tarefas exigidas pelas circunstâncias e as necessidades da luta do povo brasileiro.
Rádio Libertadora. Comandante Carlos Marighella, camarada de armas e companheiro de vida de Zilda Xavier Pereira na Ação Libertadora Nacional (ALN)