O Brasil está parado! A greve dos caminhoneiros entrou em seu quarto dia, e já começa a faltar combustível e produtos nas grandes cidades brasileiras. Obviamente, pela insana economia não-planificada como é a nossa, os produtos nas prateleiras dos supermercados começam a ser reajustados de maneira galopante. E o povo agoniza sem transporte, sem gasolina, sem produtos de higiene e mantimentos básicos para o cotidiano. Uma triste realidade para um país rico como o nosso.
A principal pauta da greve dos caminhoneiros é a redução dos valores dos combustíveis, em especial o diesel. Não há qualquer desacordo com relação a isso. Ao contrário, é legítima e necessária essa luta. Trata-se de uma luta maior: a luta por uma Petrobrás do Povo, sem corrupção e sem entreguismo!
As demais pautas de algumas entidades dos caminhoneiros, dirigidas claramente com desvio reacionário, são evidentemente perigosas à conjuntura, pois ameaçam a realização das eleições de 2018 e uma possível interrupção definitiva da Constituição Federal. Algumas entidades de caminhoneiros chegam a falar em não parar a greve até que os militares façam uma intervenção federal. É claro que essas pautas devem ser condenadas pelo campo progressista. Contudo, o alarmismo sobre esse tema é desproporcional: a greve dos caminhoneiros é fortemente econômica. A pauta principal é o valor do combustível, bandeira justa e indispensável no combate do Brasil que queremos. O que não significa jamais deixar de atacar as propostas reacionárias de setores do movimento, pois, na prática, elas são contraditórias com a pauta principal: combustível acessível. É preciso disputar a linha política do movimento dos caminhoneiros! Acusá-los de promover o caos, ou de piorar o cenário nacional, é esquecer que um dos motivos de estarmos nessa situação, assim como um dos motivos dessa categoria tão importante ter vastos setores reacionários na direção do movimento, é justamente a ocorrência de diversos erros do antigo Governo do PT, tanto na Petrobrás quanto no geral.
A política de preços da Petrobrás não está dessa forma por conta de uma falência da empresa. Muito pelo contrário, a empresa estava lucrativa até a chegada de Pedro Parente no comando da entidade, que com uma visão privatista vem preparando o terreno para destruição da empresa! Combustível mais barato é aquecimento do mercado interno, é desenvolvimento econômico da nação, é vitória da Petrobrás sobre as concorrentes estrangeiras! Inclusive, combustível justo e acessível é uma das missões principais de existência da Petrobrás! O que Temer e Pedro Parente fizeram foi golpear a Petrobrás com uma política de preços exorbitante e surreal a um Brasil em recessão! Na prática, o objetivo deles é quebrar a nossa empresa, viabilizando as concorrentes estrangeiras no mercado interno! A Petrobrás atual lamentavelmente está a serviço dos interesses do imperialismo norte-americano e europeu!
Dito isso, é preciso agitar e propagar a luta por uma Petrobrás do Povo, sem corrupção e sem entreguismo! É preciso retomar com força as bandeiras de lutar pela reintegração do pré-sal que foi entregue tanto pelo antigo Governo Dilma quanto pelo atual Governo Temer, e de lutar por uma maior abertura da Petrobrás ao Povo em seu Conselho de Administração! Precisamos de mais representantes das bandeiras nacionalistas no Conselho de Administração, e precisamos varrer os entreguistas e corruptos que lá estão! Quando dizemos não à privatização da Petrobrás estamos gritando pela soberania nacional e dizendo sim a uma política justa de preços: combustível barato a serviço do desenvolvimento econômico nacional! Mais do que nunca, a hora é essa: agitar e propagar pelo monopólio da Petrobrás na exploração do petróleo brasileiro, revogando a legislação entreguista de Fernando Henrique Cardoso!
Apoiamos a Greve dos Caminhoneiros na perspectiva da luta por uma Petrobrás do Povo, sem corrupção e sem entreguismo!
Em anexo fazemos questão de socializar a nota da AEPET (Associação de Engenheiros da Petrobrás), que de maneira técnica justifica a nossa posição.
Brasil, 24 de maio de 2018; 107º ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.
Comando Nacional da Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário
AEPET*: Nota sobre a política de preços da Petrobrás
A Petrobrás adotou nova política de preços dos combustíveis, desde outubro de 2016, a partir de então foram praticados preços mais altos que viabilizaram a importação por concorrentes. A estatal perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel se multiplicou por 1,8 desde 2015, dos EUA por 3,6. O diesel importado dos EUA que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil.
Ganharam os produtores norte-americanos, os “traders” multinacionais, os importadores e distribuidores de capital privado no Brasil. Perderam os consumidores brasileiros, a Petrobrás, a União e os estados federados com os impactos recessivos e na arrecadação. Batizamos essa política de “America first! ”, “Os Estados Unidos primeiro!”.
Diante da greve dos caminhoneiros assistimos, lemos e ouvimos, repetidamente na “grande mídia”, a falácia de que a mudança da política de preços da Petrobrás ameaçaria sua capacidade empresarial. Esclarecemos à sociedade que a mudança na política de preços, com a redução dos preços no mercado interno, tem o potencial de melhorar o desempenho corporativo, ou de ser neutra, caso a redução dos preços nas refinarias seja significativa, na medida em que a Petrobrás pode recuperar o mercado entregue aos concorrentes por meio da atual política de preços. Além da recuperação do mercado perdido, o tamanho do mercado tende a se expandir porque a demanda se aquece com preços mais baixos.
A atual direção da Petrobrás divulgou que foram realizados ajustes na política de preços com o objetivo de recuperar mercado, mas até aqui não foram efetivos. A própria companhia reconhece nos seus balanços trimestrais o prejuízo na geração de caixa decorrente da política adotada.
Outra falácia repetida 24 horas por dia diz respeito a suposta “quebra da Petrobrás” em consequência dos subsídios concedidos entre 2011 e 2014. A verdade é que a geração de caixa da companhia neste período foi pujante, sempre superior aos US$ 25 bilhões, e compatível ao desempenho empresarial histórico.
Geração operacional de caixa, US$ bilhões
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
33,03 27,04 26,03 26,60 25,90 26,10 27,11
A Petrobrás é uma empresa estatal e existe para contribuir com o desenvolvimento do país e para abastecer nosso mercado aos menores custos possíveis. A maioria da população quer que a Petrobrás atue em favor dos seus legítimos interesses, enquanto especuladores do mercado querem maximizar seus lucros de curto prazo.
Nossa Associação se solidariza aos consumidores brasileiros e afirma que é perfeitamente compatível ter a Petrobrás forte, a serviço do Brasil e preços dos combustíveis mais baixos e condizentes com a capacidade de compra dos brasileiros.
* Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
Saiba mais em: http://www.aepet.org.br/w3/index.php/multimidia/noticias-em-destaque/item/1749-nota-sobre-a-politica-de-precos-da-petrobras