Na presente nota, definida na manhã de 30 de julho de 2016, o Comando Nacional da Organização A Marighella atualiza a leitura sobre a conjuntura brasileira sem perder a firmeza na afirmação popular contra o golpe.
O golpe não é um episódio. O golpe é um processo político contínuo que visa o maior retrocesso histórico para o povo brasileiro. O objetivo dos golpistas não era derrubar Dilma, mas, sim, desmantelar os poucos programas sociais que temos, enterrar a CLT e todos os direitos trabalhistas, entregar nosso pré-sal ao imperialismo, retirar o Brasil da rota do BRICS, submeter nossa política externa à agenda imperialista, e privatizar tudo que der! O objetivo dos golpistas é destruir o Brasil, e assim cumprir o serviço sujo que o imperialismo norte-americano mandou. O impeachment de Dilma foi só o meio encontrado para iniciarem esse processo que satisfaz os interesses das elites dominantes locais e desorganiza a esquerda brasileira.
Ao mesmo tempo, não se pode ter dúvida sobre os erros do Governo Dilma, que fizeram com que perdesse toda a base social de apoio a sua reeleição, e logicamente, facilitaram o trabalho dos golpistas. Além disso, cada dia fica mais evidente que o alto comando do Governo Dilma e dos principais partidos e movimentos que o sustentavam realizou um absurdo acordo de transição pacífica com os golpistas. Acordo que nem mesmo será cumprido pelos golpistas como se tem provado com a continuação das operações judiciais e políticas de Sérgio Moro! E a cada momento fica mais claro que o acordo não é tão recente, pois a Lei Antiterrorismo sancionada por Dilma fazia parte do pacto. Em troca da não criminalização da cúpula do governo golpeado e das maiores lideranças que o sustentavam foi pactuada uma oposição moderada ao governo golpista. E quem não cumprir o acordo, terá a lei antiterrorismo a sua espera… Mais uma vez trocou-se a resistência e a luta pela conciliação e covardia!
Isso foi percebido também na ridícula votação da presidência da Câmara dos Deputados, quando os golpeados votaram nos golpistas justificando estarem minimizando o poderio de Cunha, quando verdadeiramente este já é uma carta fora do baralho, ou mal menor diante da confusão nas massas após o papelão na eleição da Câmara dos Deputados. O taticismo de quem não tem visão estratégica, de quem enxerga o golpe como um mero acontecimento da política nacional, de quem não tem capacidade de buscar a ampla unidade para superar esse momento, de quem visualiza as eleições municipais como algo mais importante do que a luta contra o golpe, enfim, esse taticismo, refletido na eleição de Rodrigo Maia à presidência da Câmara dos Deputados, confundiu a cabeça do povo: que golpe é esse em que os golpeados fazem pacto nacional com os golpistas?
A Marighella afirma: é preciso lutar incansavelmente contra o processo contínuo do golpe! E essa luta passa por lançar bases à construção de um amplo movimento patriótico e popular contra o golpe e em defesa do Brasil e de seu povo, sem cair nas ilusões de “novas eleições” presidenciais ou gerais, que é a mesma crença de quem espera a mudança do quadro no Senado ou no STF, sem cair na pequeneza do tema das eleições municipais, sem cair no surrealismo de quem fala em constituinte nessa altura do campeonato… O que precisamos é da força combativa da Brava Gente Brasileira, que não topa acordo com golpista nem tolera covardia! Pois o golpe não foi só contra a Dilma! O golpe foi contra o Brasil e seu povo! E é nosso dever lutar, resistir e vencer esse golpe! Dilma não voltará mais a governar. Mas a luta contra o golpe, no geral e em cada pauta, deve continuar contra os inimigos da Pátria e do Povo!
Aproveitar as eleições municipais para intensificar a luta contra o golpe! O Pré-Sal é nosso! Não à privatização da Petrobrás! Não à reforma reacionária da previdência! Não à privatização da educação! Não ao fim do SUS e do ‘Mais Médicos’! Não ao fim da CLT e dos direitos trabalhistas! Contra o golpe: Fora Temer!