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Camarada Toledo para sempre: 103 anos de Joaquim Câmara Ferreira

Nota do Centro Cultural Camarada Velho Toledo (CCCVT), entidade da Organização A Marighella, pelos 103 anos de Joaquim Câmara Ferreira.

 

Em 5 de setembro de 1913 nascia Joaquim Câmara Ferreira. Vindo de Jaboticabal, interior de São Paulo, Câmara Ferreira seria recrutado para o antigo e extinto Partido Comunista do Brasil em 1933. Pois foi aos 20 anos, que o então estudante de filosofia da USP, filho das elites progressistas paulistas, teria aceitado a maior honraria de sua vida: ser comunista. O recrutamento foi realizado por Sebastião Francisco, então secretário de organização do comitê estadual de São Paulo. E depois disso, a sua vida mudou. Câmara Ferreira tornou-se um grande expoente do jornalismo político. Seus trabalhos exitosos nos órgãos de imprensa do Partido pavimentaram sua ascensão ao Comitê Central.

Com a submissão ao revisionismo kruschevista, com os erros da declaração de março de 1958, com diversos desvios ideológicos e com linhas políticas erráticas, o velho e finado Partido Comunista do Brasil ou brasileiro viveu sua fase derradeira no pós golpe de 1964. Ao ser instalada definitivamente a ditadura militar, as teses conciliatórias, democratas, reformistas e pacifistas do PCB já não correspondiam a nova realidade de forte repressão e tortura.

O momento era de tomada de decisão pela luta armada, pela efetiva resistência ao regime ditatorial, ora imposto pelo imperialismo norte-americano. Assim, Joaquim Câmara Ferreira contribuiu na elaboração das teses revolucionárias, então sustentadas abertamente por Carlos Marighella, velho amigo e camarada de Câmara. A amizade e camaradagem do velho PCB passariam por uma enorme transformação.

Nas conferências estaduais preparatórias ao VI Congresso, a militância comunista sincera bradava majoritariamente pela luta armada como tática central na derrubada da ditadura e pela revolução como estratégia ao socialismo. Contudo, os delegados eleitos sob a orientação das teses revolucionárias de Marighella e Câmara Ferreira foram flagrantemente impedidos de participar do congresso, sendo alguns até mesmo vergonhosamente expulsos.

Nesse momento, aqueles que carregavam o marxismo-leninismo e seus princípios, em especial o do centralismo democrático, e aqueles que perceberam o erro histórico da covardia pacifista, tomaram a decisão de romper e extinguir o PCB. Ou pelo menos extinguir enquanto partido comunista. Marighella e Câmara Ferreira não apenas saíram do PCB, como marcaram o fim dessa legenda enquanto ferramenta revolucionária.

Não demoraria muito, e longe de qualquer retórica, as teses revolucionárias seriam experimentadas na prática com a concretização da ALN (Ação Libertadora Nacional), a maior organização política de resistência à ditadura militar. Joaquim Câmara Ferreira cumpriu um gigante papel nas realizações da ALN, sendo sempre lembrado por ter dirigido o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick. Depois do desaparecimento físico do Comandante Marighella, coube a Joaquim Câmara Ferreira a tarefa de comandar a Organização.

Infelizmente, após a queda do Comandante Marighella, Joaquim tornou-se o grande alvo da ditadura. E em 23 de outubro de 1970, sob forte tortura, Joaquim não sobreviveu.

A história de Joaquim Câmara Ferreira é uma página bonita e inesquecível nas lutas do povo brasileiro. Trata-se de um herói do povo e da pátria, uma referência eterna para a luta revolucionária do Socialismo no Brasil.

Camarada e Comandante Toledo, ou carinhosamente “Velho”, como era chamado pela imensa maioria dos camaradas militantes mais jovens da ALN, ou simplesmente Joaquim Câmara Ferreira, o Centro Cultural Camarada Velho Toledo, entidade da Organização A Marighella, afirma que sua presença estará para sempre ao lado dos que lutam pelo melhor dos mundo, dos que sonham pelo verdadeiro Brasil.

Em tempo de novo golpe, festejar os 103 anos de Joaquim Câmara Ferreira, nosso Camarada Velho Toledo, é tarefa de resistência e de afirmação categórica pela firmeza ideológica. E seguir a construção do Partido Revolucionário, Partido de Carlos Marighella, de Zilda Xavier Pereira, de Joaquim Câmara Ferreira, e de tantos outros e outras camaradas eternizados na luta é a melhor e mais justa maneira de comemorar os 103 anos do Velho.

Viva Joaquim Câmara Ferreira!

Camarada Toledo para sempre!

103 anos de Joaquim!