Em 18 de outubro de 2013, a Organização A Marighella, ainda com seus poucos meses de existência, resolveu realizar uma corajosa ação de tomada da agência consular norte-americana de Porto Alegre (RS). O ato tinha por objetivo denunciar os ataques da espionagem imperialista sobre os computadores da então Presidenta Dilma Rousseff e da Petrobrás. E mais do que isso, o ato tinha também o grande objetivo do cancelamento dos leilões do pré-sal. Para tanto, a tática era tomar agências consulares e consulados norte-americanos Brasil afora. A tarefa era ocupar até que o cancelamento dos leilões do pré-sal fosse conquistado.
Todavia, diante da baixa densidade, à época, da Organização para além do Rio Grande do Sul, infelizmente a capacidade de resultado político prático foi extremamente reduzida. A ação em outras capitais ficou para ser dirigida por outra organização política, ora aliada na luta em defesa da soberania nacional, mas que não cumpriu com a sua parte, somente colocando alguns valorosos militantes na atividade de Porto Alegre.
A decisão da militância da Organização A Marighella e de outros brasileiros e brasileiras por tomar a agência consular norte-americana de Porto Alegre (RS) fazia parte de um plano nacional de ações diretas contra o leilão do pré-sal e contra as invasões do imperialismo nos computadores de Dilma Rousseff e da Petrobrás, o chamado “imperialismo digital”.
Em todo o Brasil ocorreram manifestações massivas nas ruas em defesa da soberania nacional, contra o leilão do pré-sal e contra o imperialismo norte-americano. Porém, somente Porto Alegre, cidade que viu ser fundada a Organização A Marighella, construtora do Partido Revolucionário, seria palco da ação mais valente e intensa sobre o tema.
A agência consular norte-americana da capital gaúcha foi tomada por horas pelos marighellistas. Entretanto, alguns erros de cálculo na ação, e a falta de radicalização nos atos das outras cidades, acabaram por conduzir a operativa a uma derrota considerável do ponto de vista político. Pois do ponto de vista militar, os marighellistas cumpriram seu papel. Na prática, fizeram a sua parte. E só se retiraram da agência consular porque perceberam que a tarefa política estava inviabilizada. No meio da confusão, um fotógrafo que costumava cobrir atos, e atualmente é reconhecido por ser reacionário, acabou sendo detido.
Lamentavelmente parte do pré-sal foi leiloada à época, e o Governo Dilma nada fez para preservar a inteligência das informações da Petrobrás e do Planalto. E hoje, com o golpe de Estado em curso, todo o petróleo brasileiro e a própria Petrobrás caminham para a privatização total. Contudo, depois daquele acontecimento, a Organização A Marighella aprendeu com seus erros, e em autocrítica coletiva, algo inédito na esquerda brasileira, fez avançar suas lutas e sua organicidade militante em torno da grandiosa tarefa de construção do Partido Revolucionário.
Recentemente, na tarde de 12 de setembro de 2016, quase três anos depois do acontecimento, após uma forte batalha judicial, nossos camaradas conseguiram a tão sonhada transação penal, livrando-se assim, plenamente, do processo criminal.
A vitória conquistada, ainda que simbolicamente, sobre o imperialismo norte-americano merece ser festejada por toda a militância marighellista e por todos lutadores e lutadoras da Brava Gente Brasileira. Pois o risco dos camaradas era enorme. As acusações iniciais imputadas nas investigações policiais sinalizavam para anos nas masmorras do Estado burguês. Nossos camaradas, dentre eles o Subcomandante João Herminio, ficaram quase dois dias presos na ocasião, e a tensão de uma eventual derrota processual e um retorno à prisão era uma triste constante que só terminou agora. Crucial recordar que mesmo sob forte pressão e ameaças policiais de aumento das qualificadoras, nossos camaradas jamais colocaram em risco a segurança da Organização.
Somos eternamente gratos a todos aqueles e aquelas que ajudaram de alguma forma na batalha judicial. Somente nós sabemos, e saberemos por sempre, a profundidade da disputa travada em meio ao judiciário burguês para protelar, e finalmente arrancar essa vitória popular! Quando a causa é justa, a moralidade revolucionária deve prevalecer em busca da causa.
Não temos qualquer dúvida de que mesmo com alguns erros, a lição marighellista de que a ação faz a vanguarda orientou a tomada da agência consular norte-americana. Afinal, não se pode esquecer que a invasão aos computadores de Dilma e da Petrobrás serviu de substância para que o imperialismo pudesse municiar o juiz Sérgio Moro, ora agente ianque, e seu espetáculo da Lava Jato. De qualquer modo, hoje, depois de quase três anos, mesmo que simbolicamente, A Marighella pode declarar: vencemos o imperialismo! A sua bandeira rasgada e queimada, o seu aparelho de espionagem dentro de um centro comercial, as paredes, tudo foi marcado por aqueles e aquelas que defendem a libertação da Pátria Brasileira, que defendem o caminho do Socialismo Popular Brasileiro, que constroem o Partido Revolucionário.
Nesses tempos de golpismo imperialista, recordar a Tomada da Agência Consular norte-americana é lembrar que a Organização A Marighella luta, desde a sua fundação, por um novo Brasil. E contra o atual golpe dos imperialistas, seguiremos em combate! Porque servimos ao povo de todo coração, porque somos Soldados da Revolução!
Viva Marcelo Bidone, advogado do povo!
Que vivam todos os companheiros e companheiras que ajudaram no duro processo judicial!
Que vivam todos companheiros e companheiras que participaram, de algum modo, da operação da agência consular norte-americana de Porto Alegre (“#OcupaEUA”)!
Vida longa aos Camaradas João Herminio e Leonel, heróis guerrilheiros do povo brasileiro!
Vida longa a Organização A Marighella! Toda força à construção do Partido Revolucionário!
Contra o Golpe: Fora Temer! O pré-sal é nosso!
“É melhor cometer erros fazendo, ainda que disto resulte a morte. Os mortos são os únicos que não fazem autocrítica.”
Comandante Carlos Marighella
“A prisão se enfrenta com coragem. É um posto de honra para o militante revolucionário”
Se fores preso, camarada.
“A Marighella conclama todo o povo brasileiro para fazer o mesmo com as representações consulares norte-americanas espalhadas no Brasil, bem como no local do leilão. É preciso enfrentar com coragem o imperialismo de Obama. É preciso vencer, de maneira combativa, os leilões de nosso pré-sal. Os consulados, as agências consulares, e a própria embaixada norte-americana, são lugares simbólicos para que o povo brasileiro mostre sua força contra o imperialismo norte-americano, contra o leilão do pré-sal, e contra os presos políticos de Cabral.”
Carta ao Povo Brasileiro – Organização A Marighella – 18 de outubro de 2013
Pedro Marques (ex-militante marighellista), Jonathan Lima (lutador brasileiro),
Marcelo Bidone (advogado do povo), Camarada Subcomandante João Herminio,
e Leonel (camarada militante da A Marighella).