Amanhã, domingo (17), a Colômbia elegerá um novo presidente. O país vive uma enorme polarização entre os campos progressista e reacionário. O senador Iván Duque, que lidera as pesquisas e que foi criado pelo ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, representa o campo da direita, defendendo a revogação, ou “profundas reformas” (que darão na prática numa revogação) do acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC. Além disso, Duque defende a suspensão do diálogo com o ELN (segundo maior grupo guerrilheiro). De lado oposto está Gustavo Petro, ex-prefeito de Bogotá, que também foi guerrilheiro do M-19, e que já comprovou a sua habilidade institucional diversas vezes.
O Movimento Colômbia Humana, de Petro, defende abertamente a continuidade das negociações com o ELN, e o respeito ao acordo de paz entre o governo e as FARC. Por evidência, o programa econômico de Petro pretende industrializar o país, desenvolver sua economia, buscar situar a Colômbia de forma diferente na política externa, e ampliar direitos sociais.
Naturalmente em um país com enorme violência urbana, potencializada pelo narcotráfico e por grupos paramilitares fascistas, Petro e sua candidata a vice-presidência, Ángela Maria Robledo, correram de fato muito risco durante a jornada eleitoral, e seguirão a correr inclusive depois do pleito. A Colômbia possui um longo histórico de assassinatos políticos de maneira aberta e frequente.
De toda a maneira, Petro conseguiu unificar a esquerda, todo o campo progressista, e todos aqueles que não desejam a volta da lei da morte enquanto imperativo maior da vida política do país. A presença da esquerda no segundo turno já é um feito inédito crucial num país de voto facultativo e que conviveu durante décadas com um bipartidarismo reacionário entre “liberais” e “conservadores”.
Importante pontuar que o recuo estratégico das FARC deve ser respeitado pela tradição combativa e verdadeiramente revolucionária desse partido. Não cabe a quem está distanciado do cotidiano de tormentas, buscar desqualificar a decisão dos camaradas, que é resultado de todo um processo de busca pela paz que foi iniciado há muito tempo.
Ainda assim, exteriorizamos a nossa preocupação com as garantias de cumprimento do acordo por parte do governo colombiano, quase sempre alinhado aos interesses do imperialismo norte-americano. O caso de Jesus Santrich é um exemplo claro de como o imperialismo e a direita não faltarão no ato de traição ao acordo com as FARC.
Por tudo isso, Gustavo Petro precisa vencer! A esperança por uma nova Colômbia, mais vinculada ao projeto da Pátria Grande latino-americana, uma Colômbia em paz, enfim, a esperança dessa nova Colômbia está em Gustavo Petro. Venceremos!
Brasil, 16 de junho de 2018; 107º ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.
Secretaria de Relações Internacionais da Organização A Marighella – Construção do Partido Revolucionário