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Esta luta Vale: pela reestatização! A Vale é nossa!

Fundada em 1942 por Getúlio Vargas, a Companhia Vale do Rio Doce surgiu para impulsionar o desenvolvimento econômico nacional, e cumpriu essa missão desde a sua fundação, inclusive retirando o monopólio privado do empresário norte-americano Percival Farquhar sobre o minério de ferro brasileiro.

Após ter atravessado décadas de inúmeras mudanças políticas, a Vale não suportou a onda neoliberal do Governo FHC (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso/PSDB), tendo sido privatizada em 1997 por R$3,3 bilhões de reais, ainda que o valor estimado da companhia fosse de mais de R$100 bilhões de reais à época. Mesmo com enorme resistência nas ruas, a Vale foi entregue pela privataria tucana, e nunca mais voltou para o Estado brasileiro, comprovando a hipocrisia petista ao falar do tema, haja vista o PT ter governado o país por 13 anos (2003-2016) sem jamais ter ensaiado um plano de reestatização da Vale e de outras empresas entregues por FHC.

No processo de privatização, o banco Bradesco tornou-se um dos principais controladores (diretos e indiretos) da Vale. A Vale hoje é somente mais um produto da burguesia rentista em seus jogos sujos do mercado financeiro. Tanto é assim que “especialistas” da jogatina da bolsa de valores recomendam a compra das ações da Vale após Brumadinho, pois caíram bastante, mas a empresa por monopolizar um negócio extremamente lucrativo, em breve as ações devem estar valorizadas novamente.   

Com mais de 20 anos de sua privatização, após gigantescos crimes ambientais com centenas de vítimas humanas, coloca-se em xeque a política adotada pela atual empresa VALE, que tem construído inúmeras barragens com uma técnica atrasada, mais barata e menos segura, o que coloca em risco vilas e cidades próximas, além dos rios, da fauna e da flora nessas regiões.

Evidentemente, o baixo custo adotado nas obras das barragens potencializou lucros exorbitantes obtidos pela empresa, que com seu poderio econômico possui facilidades para manipular políticos da ordem burguesa e órgãos de fiscalização. Não é por acaso que a VALE fez grandes doações financeiras em campanhas eleitorais, não é por acaso que seus executivos também fazem o mesmo.

Em 2015, em Mariana/MG, toneladas de rejeitos, contendo chumbo e mercúrio, contaminaram as águas do Rio Doce, prejudicando o abastecimento de água em mais de 200 Municípios nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além de cidades soterradas e de pescadores perdendo seu meio de sustento com a contaminação do rio. Esses danos levarão no mínimo 100 anos para que seja restabelecido o bioma naquela região. Agora foi a vez das barragens de Brumadinho/MG, que no dia 24 de Janeiro deste ano, foram  rompidas, novamente ocasionando inúmeros danos ambientais, bem como a morte e o desaparecimento de centenas de pessoas, inclusive trabalhadores da própria VALE.

Precisamos denunciar para o povo que não foi um desastre acidental, ou uma tragédia do azar, nada disso! Brumadinho, assim como Mariana, foram crimes ambientais premeditados! A direção executiva da VALE é criminosa reincidente contra o povo brasileiro! Não confiamos no judiciário burguês, nessa justiça dos ricos e poderosos, mas essa direção da Vale deveria ser punida severamente! Precisamos dizer que o Governo Bolsonaro ao flexibilizar a legislação ambiental e os licenciamentos, de maneira irresponsável, somente por lobby de empresários, está na prática colaborando para que mais crimes como o de Brumadinho ocorram! Precisamos explicar que as tais golden shares do Estado brasileiro não significam nada de controle administrativo, são uma farsa de papel, e a VALE atual é privada e está nas mãos dos banqueiros!

Por isso, é urgente retomar a luta pela reestatização da Vale, porque a Vale é nossa, é do povo brasileiro! Da mesma forma como devemos lutar para que a administração da maior produtora de minério de ferro e pelotas do mundo seja dinamizada com ferramentas de transparência, consulta popular e de participação direta dos trabalhadores da empresa na direção, além de respeito às normas de segurança ambiental.

Não podemos esquecer Mariana e Brumadinho! O lucro não pode estar acima de tudo, caso contrário, a lama estará acima de todos!

Em memória dos trabalhadores mortos e desaparecidos, essa luta Vale: pela reestatização! A Vale é nossa!

 

Brasil, 27 de janeiro de 2019; ao centésimo oitavo ano de imortalidade do Comandante Carlos Marighella.

A Secretaria de Comunicação da Organização A Marighella – CPR.